Entrevista com Dr. Ricardo Almeida, Clínica VetPóvoa, S. Martinho do Bispo, Coimbra 24.06.2011 A VetPóvoa tem uma equipa multifunções…

Temos, de facto, cinco veterinários, com competências de clínica geral, mas cada um com uma área de interesse particular. A especialidade em que estamos mais preparados, em comparação com outras clínicas, é a ortopedia. Fazemos vários serviços para outras clínicas neste ramo, bem como ecografias.

E prestam também serviços ao domicílio. Como é que os clientes podem aderir?

Temos uma carrinha de transporte de animais e quem quiser solicitar este serviço deverá agendá-lo com antecedência. Somos uma clínica de bairro, com muitos clientes mais velhos, já reformados, que podem ter nesta opção uma mais-valia para si próprios, evitando deslocar-se, e para os seus animais de companhia.

Assim, chegados a casa dos clientes, quando existe algum problema a resolver que possa ser solucionado no exterior, em ambulatório, fazemo-lo na hora; caso contrário, trazemos o animal connosco para o tratamento ser efectuado na clínica. Já chegamos inclusive a fazer domicílios a 30 km de distância. E estamos sempre disponíveis, 24 horas, para urgências na clínica.

Com a austeridade reforçada que aí vem, como é que a vossa clínica pretende sensibilizar os donos para que não descurem os cuidados com os seus animais de companhia?

O que temos feito, vamos manter daqui para a frente: apostar na proximidade com o cliente, no serviço personalizado. Queremos sempre tentar resolver da melhor maneira as situações, sabemos que as pessoas não estão muito dispostas a gastar dinheiro com os animais.

Notamos que quando os diagnósticos são muito complicados, os clientes pensam duas vezes antes de seguirem em frente com o tratamento. Na verdade, nunca trabalhei fora da crise. Noto que desde 2005 tem havido uma quebra brutal.

E, sobretudo quando na televisão se fala na crise, nos dias a seguir as pessoas chegam aqui com um ar mais pesado. Se há muitos anos os clientes nem pestanejavam quando se propunha um determinado tratamento, agora já não é assim. Têm mais medo de gastar o dinheiro, por mais que gostem dos seus animais.

E até nas urnas de voto fica expressa essa preocupação. O Partido pelos Animais e pela Natureza contou com mais de 57 mil votos nestas eleições legislativas. Não esteve longe de conseguir eleger um deputado…

Sim, as pessoas estão cada vez mais conscientes de que temos de ter cuidado com o ambiente e com a natureza. E ficam com peso na consciência quando não tratam de um animal, quando não lhes prestam cuidados básicos. Ainda vejo muita gente completamente insensível, mas isso está a mudar em Portugal. Nos últimos trinta anos a mentalidade mudou radicalmente, pelo que essa adesão agora é natural.

E note-se que estas eleições foram um bocadinho atípicas, as pessoas estão de tal maneira revoltadas com os sistemas políticos e com quem os representa que usam o voto como um grito de protesto.