Entrevista com a Drª Maria Luís Salgado, Clínica Veterinária de Leça, Leça da Palmeira - Matosinhos 09.02.2011 A Clínica Veterinária de Leça tem dedicado boa parte do seu percurso à crescente especialização. Quais as áreas de maior investimento?

Fizemos recentemente um investimento em equipamentos digitais, o que tem sido fundamental para aprofundarmos a nossa aposta na imagiologia [ciência que estuda a imagem radiográfica]. Estamos sempre a aprender. A medicina veterinária é feita com a experiência: desde a medicina interna, à cirurgia, odontologia, geriatria, infecto-contagiosas e ao laboratório – um apoio a que recorremos todos os dias… Todas elas são áreas de extraordinário interesse.

O vosso trabalho tem também em conta os animais cujos donos são de outras nacionalidades. Porquê esta aposta na Small Animal Clinic?

A região do Porto tem uma comunidade estrangeira forte, sobretudo inglesa. E encontrar um dialogante fluente em inglês não é tão fácil assim. Achámos que chamar a atenção de que aqui os clientes têm a oportunidade de ser atendidos como se do seu país de origem se tratasse era muito importante. Por outro lado, estamos muito próximos do Porto de Leixões e recebemos alguns clientes que vêm acompanhados dos seus animais de companhia nos barcos, em viagens de longo curso. E há também os cães que acompanham os marinheiros e dão cá um salto para alguma urgência ou consulta de rotina. Felizmente, também contamos com essa confiança.

Como funciona o serviço de urgência e a marcação de consultas pela Internet?

A clínica está aberta das 10h às 19h30, mas para cumprirmos as 24 horas a que nos propusemos, o telemóvel 917577775 está sempre activo. Num quarto de hora/meia hora, o médico está na clínica a atender. Na eventualidade de não ser possível, porque há imponderáveis que podem acontecer, embora seja muito raro, atendemos a chamada e dirigimos a pessoa verbalmente até ter uma orientação. Quanto às consultas marcadas pela Internet, os clientes podem expor o que se passa com o seu animal de companhia no espaço dedicado ao assunto no nosso site. Os nossos equipamentos avisam-nos sempre que recebemos um e-mail, de que natureza é e é prontamente respondido. Temos tido algumas consultas através dessa via e acredito que esse é o caminho a seguir.

As novas tecnologias são algumas das ferramentas que exploram para promover esse elo de ligação com os animais e os seus donos. Para além do Facebook, dão a conhecer os animais que acompanham no vosso site.

Investimos muito no locutor pessoa que é quem nos permite perceber melhor o que se passa com o animal de companhia. É ela que nos confia o animal que adora (na maior parte das vezes até nos tornamos madrinhas e padrinhos desses amiguinhos de quatro patas). Achamos que não podemos limitar-nos a atender animais, vómitos, diarreias e vacinas. Há muito mais por detrás disso. A sensibilidade não pode ser esquecida. E uma maneira de promover essa ligação, de agradecer essa ligação, é fazê-los fazer parte da nossa imagem, como acontece no site.

Para além dos cães e dos gatos, o vosso percurso conta com um historial de tratamento a lagomorfos (coelhos e lebres), roedores, tartarugas…

E até cabras. A clínica estava aberta há muito pouco tempo, numa altura em que o conceito de médico veterinário era ainda muito rural e por aqui existiam, de facto, várias explorações com animais de campo. Numa delas, quando o dono viu a sua cabrinha na iminência de um parto tratou de a caminhar para a nossa clínica. Sentou-se na sala de espera com a cabrita em pleno trabalho de parto. Um parto difícil que efectuámos no consultório. Ela queixou-se muito e as pessoas que estavam na sala de espera achavam estranhíssimo todos aqueles ruídos. Mas quando saiu, com os seus dois bebés, foi uma emoção enorme.
Em relação, por exemplo, aos animais mais pequenos, a realidade dos apartamentos impõe essas escolhas. São mais económicos, não exigem tanta disponibilidade, não implicam um compromisso para tantos anos… Estes são motivos para as pessoas não prescindirem de ter o seu próprio animal de estimação. Um coelho é muito mais do que um prato para ir ao forno; consegue aprender a ir ao quarto de banho, adapta-se perfeitamente a um apartamento. E, com eles, os pais conseguem humanizar os seus filhos, interagem muito mais com o que é a vida e a natureza; percebem que é muito mais do que aquilo que vem nos computadores.